Teatro Musical

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Produção: Criaturas Alaranjadas e Signorini Produções

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Primeira temporada Brasília

Sérgio Maggio encerra apresentação em Brasília neste domingo

Publicação: 01/06/2014 14:13 Atualização: 01/06/2014 17:08

'Odair José fez coisas incríveis como colocar guitarra nas modinhas sertanejas', diz Sergio Maggio ( Carlos Vieira/CB/D.A Press)
"Odair José fez coisas incríveis como colocar guitarra nas modinhas sertanejas", diz Sergio Maggio

Um dos primeiros sucessos de Leandro e Leonardo é Cade você, do Odair José que, nos anos 70, já tinha quebrado tudo. Ele é o mesmo cara capaz de naquela época, dizer que um homem pode casar com uma prostituta e ser feliz", ressalta o dramaturgo Sérgio Maggio, enquanto celebra a mais recente empreitada nos palcos: um musical. Depois de quase um mês de apresentações, a temporada chega ao fim no CCBB, com a derradeira apresentação às 20h.

"Minha mãe, Dona Estér, me jogou nesse lugar: e eu tenho que agradecer. Foi a partir dela que se fez uma conexão na minha cabeça com a ambientação da peça", sublinha Maggio. O título do espetáculo, por sinal, já ressalta a abordagem que pende à transitoriedade: Eu vou tirar você desse lugar — As canções de Odair José. "Todos os personagens querem sair do lugar em que estão", justifica o também escritor e jornalista.

Com a retomada dos musicais no final dos 80, e começo dos 90, Sérgio Maggio conta que passou a ser "um espectador intenso" do gênero. Das várias fases, ficaram marcas das peças importadas; no final dos anos 80, a retomada foi traçada por Marília Pera, com Elas por ela e depois ainda acompanhou a onda dos biográficos, com obras de Charles Möeller e Cláudio Botelho. Mas, contrariando a obviedade, nada de traços da trajetória de vida de Odair José, numa vertente biográfica, habita Eu vou tirar você deste lugar.

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O peso do brega igualmente é contestado pelo autor do espetáculo. "O Odair é conhecido por defender as empregadas domésticas, dar uma identidade para elas. A questão do brega foi rótulo do qual o próprio Zeca Baleiro, no passado, já tinha libertado Odair José. Zeca afirmou: ‘esse cara é rock’n’roll!’ Ele organizou um CD em que o melhor da nata do pop rock gravou. Isso jogou Odair em outro lugar", destaca o jornalista.

Depois de ouvir com atenção a mais de 150 músicas do ícone, Maggio não esconde feição de quase tiete: "Odair José fez coisas incríveis como colocar guitarra nas modinhas sertanejas. Então, lá nos anos 70, o pessoal da Tropicália se identificou, e ele que virou um tanto do grupo. No LP Phono 73 — O canto de um povo, o Caetano Veloso canta com ele. Ele tava com Gal Costa, com a Maria Bethânia, com a Nara Leão e era incensado, justo por estar fazendo algo novo".

 (Divulgação)

Três perguntas // Maria Alcina

Na São Paulo dos anos 20, houve uma cortesã que tinha a cidade aos seus pés, mas não queria deixar a chamada vida fácil, mesmo diante de uma penca de oportunidades. Com direito à futura e intrigante escultura em Mausoléu no Cemitério da Consolação (SP), intitulada Interrogação, um dos maiores amores da moça — um renomado aristocrata — deu trágico fim ao romance, nesta que foi das histórias que inspiraram Sérgio Maggio a criar o musical apresentado no CCBB. Outra das pontas da criação da peça que abriu muitas frentes na lida com 40 profissionais envolvidos, responde pelo nome de Maria Alcina. "Quando fui escrever tudo, pensei: ‘quero uma cantora que possa ser atriz’. Eu escrevi o personagem central para ela", explica, em torno da musa que, por coincidência, celebra 40 anos de profissão da cantora.

Como se deu o início de sua carreira?
Na verdade, eu não tenho uma formação acadêmica. Não estudei música, nem entrei em conservatório. Foi ao contrário dos meus irmãos instrumentistas que, todos, estudaram música. Isso, por meu pai ser um apaixonado por música. Sou da época em que a mulher era para casa, para casamento, e eu sempre tive espírito de porco — querendo estudar, e não conseguia. Sempre fui de observar, então, tudo para mim tava valendo e era lindo. Fui autodidata, sempre no método acertando e errando. Profissionalmente, canto desde 1972, no Maracanazinho, quando fui lançada no Festival Internacional da Canção, cantando Fio maravilha (do Jorge Ben).

Há coisas que passaram, sem serem aproveitadas, nestes 40 anos de profissão?
(Risos) Houve algo muito inesperado, lá nos anos 70: o João Bosco me deu músicas, ele foi encontrar comigo, me mostrou as composições, e o Fagner também havia mandado músicas para mim e eu estava no carro, com meu empresário, e o carro foi roubado e tava a fita toda lá... Então, o ladrão levou o carro com a fita e tudo mais (risos).

Sua música chegou ao exterior?

Hoje, com a internet, todo mundo tá no mundo, né? Eu comecei a ir para os Estados Unidos, em 1984, para fazer carnaval... Fiquei praticamente até meados dos anos 90, sempre viajando e tive a oportunidade de ficar lá, um ano, trabalhando. Meu público era de brasileiros, espanhóis e americanos. Variava muito, de acordo com o show que a gente ia fazer. Era gostoso. Tive a oportunidade de ter ficado fora do Brasil, mas eu nunca consegui me ver nesta perspectiva.

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